domingo, 22 de janeiro de 2012

Emanuel: Deus Conosco




“Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel (Deus conosco)”
(Isaías 7:14)

“E o Verbo se fez carne, e habitou (do termo sinônimo do grego - tabernaculou) entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”
(João 1:14)

Cristo, em humilhação e auto-entrega, se despe da sua glória e assume a nossa natureza humana, submetendo-se a padecer junto conosco as limitações impostas por essa natureza com um propósito: “cumprir com perfeição todas as exigências da Lei e ser nosso legítimo representante diante do Pai”.
Mesmo sendo algo demasiadamente inacessível a nossa compreensão profundamente limitada e embotada pelo pecado, esse ser esplêndido se torna a partir de então 100% homem, sem deixar de ser 100% Deus, ante aos olhos de toda a Terra, tendo sido concebido pelo Espírito Santo e nascido de uma virgem.
Era não só a presença de Deus tipificada e simbolizada na figura do tabernáculo do Antigo Testamento, com todos os seus detalhes, em carne e osso (o Verbo encarnado, o Logos que se fez carne), mas também o próprio Deus indo e agindo diante do povo, em favor dos seus.


Bibliografia:

• Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
• Novo Testamento Interlinear Analítico – Paulo Sergio Gomes, Odayr Olivetti – Editora Cultura Cristã.
• Credo Apostólico.
• Bíblia Sagrada Revista e Corrigida.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Uma breve reflexão sobre o propósito e o sentido do Pentecostes (At.2:1-12)



Quando se fala de Pentecostes e do que ocorreu nesse dia, muitas são as argumentações e defesas de posições, sem de fato chegar a nenhum lugar , e não percebendo, deixa-se de lado o real sentido do Pentecostes.
A discussão e a argumentação gira em torno dos vocábulos empregados no texto:
• At. 2:3 “... apareceram-lhes distribuídas línguas...”  - “glossai”)
• At. 2:4 “... começaram a falar em outras línguas...”  - “glossais”)
• At. 2:8 “... Como é que cada um de nós os ouve falar em sua própria língua...” ( - “dialeckto”
Sendo que:
• γλωσσα / “glossa” - é um vocábulo de afinidade incerta podendo significar:

1 - língua como membro do corpo, orgão da fala;
2 - língua como idioma ou dialeto usado por um grupo particular de pessoas, diferente dos usados por outras nações.

• Διαλεκτος / “dialektos” - é um vocábulo que possui sentidos semelhantes:

1 - conversação, fala, discurso, linguagem.
2 - língua ou a linguagem própria de cada povo.

Na proporção em que as divergências no campo da hermenêutica aumentam mais distante se fica do real sentido desta operação divina.
Se a discussão se estreita entre visão de que o milagre operado fora na língua dos que falaram um idioma que lhes era desconhecido ou ainda no ouvido dos que ouviram em seu próprio idioma, esse impasse perde a importância quando se entende que na verdade, o foco não está na forma com que o evento fora percebido. O que deve ser de fato evidenciado é que neste evento em particular, se cumpriu o que foi dito pela boca do próprio Cristo antes da sua assunção aos céus: “as Boas Novas saindo do contexto de uma igreja basicamente judaica e seguindo por um destino previamente determinado, a saber Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins da terra (At.1:8), “abrindo oficialmente” as portas da igreja para aqueles que estavam alheiros à Aliança (Ef. 2:14-20).
O curso da igreja tomava a partir de então um novo rumo traçado antes da fundação do mundo, e se revelou no tempo e no espaço pelo Espírito Santo, fazendo com que as maravilhas de Deus alcançassem os outros povos, culminando então na expanção da igreja pelo testemunho de Cristo.


Bibliografia:
• DICIONÁRIO BÍBLICO STRONG; Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong – SBB
• NT interlinear analítico Grego-Portugûes ; Paulo Sergio Gomes e Odayr Olivetti – Editora Cultura Cristã

domingo, 13 de março de 2011

Como viver para Deus





Sermão pregado na IPB de Turiaçu.



“E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.”
(João 3 :1-6)


INTRODUÇÃO:

1. Imagine um país de Primeiro mundo com a maior economia, tendo todos os outros países dependentes dele.

2. Estabelece-se uma lei: “Só pode entrar ou permanecer no país, os que de fato são nascidos nele.”

3. Pense na situação de um cidadão nascido naquele país e a de um estrangeiro desejoso em entrar; e ainda, o desespero de um cidadão que pensa que faz parte desse país, mas que não tem o requisito necessário para isso.


Faça uma auto-análise e responda sinceramente a três perguntas:

1- Será que realmente você é um filho de Deus (um crente), ou joio no meio do trigo?

2- Será que você está realmente seguro da sua salvação?

3 – Como que disposições e atitudes você está se voltando para Deus?


I. A doutrina da regeneração:

Definição:

É a divina implantação do princípio da nova vida espiritual no homem, ocasionando uma radical mudança da disposição dominante da alma, que ao sofrer a influência do Espírito Santo, gera uma nova vida que se move em direção a Deus, e afeta o homem por completo.

II. O que faz o homem precisar de regeneração?

Em Gênesis, quando lemos sobre a criação do homem, percebemos que Deus assim o fez á Sua imagem e semelhança. Isso significa então que ele tinha:

• Justiça original, Santidade e Verdadeiro conhecimento de Deus;

• Intelecto, Vontade e Sentimentos totalmente voltados para Deus;

• A Vida eterna Condicional:

“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás;porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn. 2: 17)

III. O que acontece no ser do homem após a queda?


• Estado de Depravação Total:

Quando ocorre a queda do homem, ele passou a sujeitar-se ao pecado como um escravo, e seu estado é caracterizado como morto e destituído da vida eterna, pois foi completamente desligado da fonte da vida que é Deus. Ao invés de amar ele passa a odiar Deus, e a estar em crescente dívida de pecado com um Deus que não tolera o pecado e que um dia há de cobrar essa incalculável dívida.

• Seu intelecto (Razão):

É obscurecido quanto ao conhecimento de Deus. A exemplo dos índios, que cultuam a um deus sem que ninguém antes tenha falado de Deus para eles, e assim, adoram a um deus segundo o que seu senso inato de religiosidade produziu.

• Sua vontade (Inclinação):

É deturpado e dirigido para sua própria satisfação carnal. A exemplo dos que o tempo todo se sentem motivados por seus próprios egos (querem sempre estar em evidência, serem beneficiados, aplaudidos, ou vistos pelos outros)

• Sua Emoção (Sentimentos):

Perde a noção do que verdadeiramente é bom ou ruim. A exemplo dos que distorcem valores com facilidade e pensam que estão fazendo o bem enquanto praticam o mal (bom passa a ser tudo aquilo que lhes agradam, lhes trazem prazer, satisfação egoísta).

• Justiça Original (completa conformidade com a Lei):

Passa a ser uma aberração diante da Santa Lei de Deus e completamente contrário a ela

• Santidade:

É declarado imundo diante de Deus

• Verdadeiro conhecimento de Deus:

Se torna incapaz de por si mesmo conhecer e fazer a vontade de Deus

Dentro desse contexto, fica claro que para o homem quer se relacionar com Deus, inevitavelmente precisa ser regenerado.


IV. Porque Cristo veio ao mundo?

• Para pagar a dívida de pecado, e religar os eleitos a Deus

V. O que acontece quando um homem é regenerado?

• Reconhece a sua miséria espiritual, e caminha ao encontro do Pai, confiado no amor, no perdão e na graça que só obtém em Cristo;

• Tem agora condições de enxergar Deus e a Sua vontade;

• É habilitado a viver de verdade para Deus;

• É ressuscitado em Cristo para viver uma vida que agrada e glorifica o Pai. Pela graça de Deus que está em Cristo crucificado, é religado à fonte da vida e passa a usufruir de todos os benefícios da vida de um filho de Deus;

• Tem segurança e esperança no porvir e aguarda esperançoso e certo a vinda de Cristo para buscar a Sua igreja. O porvir não é mais incerto.


Conclusão:


“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,
Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.”

(Efésios 2:1-7)


Aplicação:

Concluo que já que você já fez a auto-análise e percebeu de que lado está do Reino de Deus, se de fora como um estrangeiro ou de dentro como um nascido no país, sendo assim:


• Quero que saiba que não inventei essa doutrina e nem decretei a condição de entrada no Reino de Deus. A Bíblia nos atesta a condição: Nascer de novo

• Se você se viu do lado de fora do Reino de Deus, e como um estrangeiro tentando a seu modo entrar num país que não lhe recebe, se não nascer de novo, você vai morrer do lado de fora tentando entrar. Eu não tenho culpa se essa mensagem não fez seu coração se alegrar de verdade, ou se você preferia estar ouvindo algo que fosse mais do seu agrado.

• Se você percebeu que está do lado de fora, saiba que essas palavras não têm poder de persuadir ninguém a enxergar essa situação, pois somente o poder regenerador do Espírito Santo é capaz de convencer você disso. Portanto, busque arrependimento sincero e perdão de Deus para a entrada graciosa em Seu Reino.

• Sinta-se privilegiado se você ouviu a voz de Deus e percebeu que está do lado de dentro do Reino de Deus, afinal o testemunho de milagre que você carrega é o maior de todos, afinal, você nasceu de novo.

• Deus deu ao regenerado condições de viver uma vida muito mais excelente do que a vida que o próprio Adão tinha, pois que quem deu essa vida foi Deus, mas quem garante a permanência eterna e tudo que o regenerado recebeu são os méritos de Cristo.

Lutero e o Autor do Pecado



Hoje pela manhã na EBD, tivemos a oportunidade de discutir entre outras coisas: a relação da soberania de Deus e sua condução misteriosa com o pecado humano. Um Deus que não é tirano e também não é o autor do pecado, mas decretou todas as coisas de antemão na eternidade. Achei pertinente a fala do reformador alemão Martinho Lutero, publicada no site www.monergismo.com , que conduz o assunto (que de fato é intrigante), com bastante propriedade e clareza. Resolvi publicar a postagem também aqui para nossa apreciação .


“Logo, aquilo que chamamos de remanescente da natureza no ímpio e em Satanás não está menos sujeito, como criatura e obra de Deus, à onipotência e à ação divina do que todas as outras criaturas e obras de Deus. Assim, visto que Deus a tudo move e atua em tudo, também move necessariamente a Satanás e o ímpio e neles atua…
Aqui vês que quando Deus opera nos maus e por meio dos maus certamente o mal acontece, e contudo Deus não pode agir mal ainda que faça o mal por meio dos maus; pois, sendo ele próprio bom, não pode agir mal, mas faz uso de instrumentos maus que não podem escapar da apropriação e da manobra de sua potência. Portanto, o defeito está nos instrumentos aos quais Deus não permite ser ociosos; por isso, o mal acontece porque o próprio Deus o põe em movimento. É exatamente como se um carpinteiro cortasse mal com um machado cheio de rebarbas e dentado. Daí resulta que o ímpio não pode senão errar e pecar sempre, pois, movido pela apropriação da potência divina, não se lhe consente ser ocioso, mas quer, deseja e age de modo correspondente ao que ele é.”

(Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4, p. 128)

sexta-feira, 11 de março de 2011

A grande relevância dos ensinos de Calvino para nós hoje





Por: Augustus Nicodemus Lopes


A influência do movimento neopentecostal, surgido na década de sessenta, tem-se feito sentir de forma profunda nas denominações evangélicas históricas, e também dentro da Igreja Presbiteriana do Brasil. Não podemos tratar o movimento como um bloco monolítico, existem, dentro dele, diversas correntes e ramificações, o que faz com que generalizações tornem-se injustas. Mas, onde aparece com toda a liberdade, o neopentecostalismo manifesta a crença em novas revelações através de profecias e línguas, visões e sonhos, todos atribuídos ao Espírito Santo, e em alguns casos, práticas estranhas ao cristianismo histórico, que são atribuídas ao poder do Espírito Santo, como "cair" no Espírito, o "sopro" do Espírito, o "riso santo", característica principal do movimento conhecido como "a bênção de Toronto". Há pastores que pretendem ter controle sobre o Espírito Santo, que presumem concedê-lO pela imposição de mãos, lançá-IO sobre o povo, girando o paletó, soprando sobre eles, etc, como o conhecido carismático Benny Hinn. Estes super-pastores determinam até mesmo quando o Espírito vai curar ou agir, pois marcam com antecedência reuniões de cura e libertação, coisa que nem mesmo o Senhor Jesus e os apóstolos fizeram.

As denominações evangélicas (a presbiteriana incluída!) estão aturdidas, tomadas de surpresa por esses ensinos. Muitas de suas igrejas locais têm adotado, em maior ou menor medida, as doutrinas e práticas do neopentecostalismo. Poderíamos receber ajuda do ensino de Calvino, nesta hora?

Em que o ensino de Calvino nos ajuda hoje?

Em primeiro lugar, o ensino de Calvino sobre o testemunho interno do Espírito vem lembrar à Igreja que, nestes tempos difíceis, ela deve buscar de Deus a íntima iluminação do Espírito para compreender e aplicar as Escrituras à sua vida e missão. Corremos o risco de pensar que Calvino, em sua luta contra os excessos dos "Entusiastas", caiu no extremo do academicismo frio. Balke nos relata o que de fato ocorreu:


"Calvino, o teólogo do Espírito Santo, queria guardar-se contra o fanatismo, sem porém impedir a liberdade do Espírito." ¹

Como Calvino, devemos nos guardar dos excessos de hoje, ao mesmo tempo em que, submetendo-nos à liberdade do Espírito, procuramos a Sua iluminação. Todavia, para isso, é necessário arrependimento e saneamento da vida das igrejas focais, dos conselhos, concílios, organizações e instituições eclesiásticas que compõem a IPB. É preciso nos voltarmos a Deus em oração, suplicando a iluminaçãodo Espírito, como bem orienta a Carta Pastoral da Igreja Presbiteriana do Brasil sobre o Espírito Santo:


Ao mesmo tempo em que orienta a Igreja a guardar-se de uma interpretação das Escrituras que parte dos princípios hermenêuticos equivocados da experiência neopentecostal, a Igreja também adverte contra uma interpretação intelectualizada e árida das Escrituras, que se esqueceda necessidadeda iluminação do Espírito para sua compreensão e de que Deus promete ensinar àqueles que procuram andar em santidade e retidão (Sal. 119:18, 33-34; Luc. 24:44-45). ²

Em segundo lugar, Calvino nos desafia a examinar todas as manifestações espirituais pelo crivo da Palavra de Deus, quanto à natureza, ao propósito, e ao modo dessas manifestações. Essa prática está pressupondo corretamente o ensino bíblico de que o Espírito Santo não Se contradiz. As Escrituras foram inspiradas por Ele. Embora o Espírito aja de formas distintas em épocas distintas, jamais o faz em contradição ao que nos revelou na Palavra. Deveríamos estar abertos para o fato de que o Espírito tem enfatizado aspectos diferentes da Palavra em épocas diferentes - porém, jamais indo além dela ou contra ela.

Em terceiro lugar, o ensino de Calvino nos alerta contra os que pretendem ter total controle sobre o Espírito, que pretendem dispensar o batismo do Espírito pela imposição de mãos, que "ensinam" aos crentes imaturos e incautos a falar em línguas. Alerta-nos a rejeitar todo ensino, movimento, culto, liturgia, onde a Palavra de Deus não receba a devida proeminência. Se o Espírito fala pela Palavra, a Palavra deve ser o centro.

Muitos presbiterianos consideram-se calvinistas e reformados, mas quantos realmente percebem as implicações do ensino calvinista reformado sobre a obra do Espírito para as práticas neopentecostais que são aceitas em muitas das nossas igrejas? Calvino foi, de fato, um homem do Espírito Santo, que guiado por Ele, tornou-se o principal instrumento de Deus para a Reforma do século XVI, movimento que, na realidade, foi um dos maiores avivamentos espirituais ocorridos na Igreja Cristã, após o período apostólico. Todos nós queremos um avivamento espiritual, da mesma magnitude. Calvino, que viveu e ministrou em meio àquela tremenda manifestação de poder divino, não teve receio de ofender o Espírito por inquirir, de forma profunda e meticulosa, sobre a genuinidade dos fenômenos que sempre acompanham os grandes movimentos espirituais da história. Se por um lado não devemos ter medo do que o Espírito possa fazer, por outro, devemos temer a obra espúria dos espíritos enganadores, corno também o nosso próprio coração enganoso.

E por fim, vale a pena mencionarmos que "a era do Espírito Santo", como é conhecida em muitos meios neopentecostais, iniciou-se, não em 1906, com a reunião na rua Azuza, nos Estados Unidos, mas desde o dia de Pentecoste. As evidências bíblicas são numerosas. Em seu sermão no dia de Pentecoste, o apóstolo Pedro declarou que a descida do Espírito estava inaugurando os últimos dias (Atos 2:16-21). Os demais apóstolos ensinaram, semelhantemente, que os últimos dias, a dispensação anterior ao dia do julgamento final, já havia chegado (1 Cor. 7:29; 1 João 2:18).

Enfatizo esse ponto pois alguns poderiam argumentar que estamos vivendo hoje na "era do Espírito", e que Calvino viveu antes dessa época. Os que assim acreditam, afirmam que hoje o Espírito está agindo de uma forma muito mais intensa, e mesmo, diferente, da época da Reforma, e que, portanto, o que Calvino experimentou e ensinou está, num certo sentido, ultrapassado.

Entretanto, as Escrituras nos ensinam que a Igreja já está vivendo os últimos dias, a dispensação do Espírito, desde o período apostólico. Calvino viveu e ensinou em plena época do Espírito, tanto quanto nós hoje vivemos e labutamos. O ensino de Calvino, por ser bíblico, pode nos servir de balizamento, indicando-nos o estreito caminho do equilíbrio, entre uma vida de piedade e uma mente firmada nas antigas doutrinas da graça.


Notas:
1 - Balke, Calvin and the Anabaptist Radicals, 326.
2 - "O Espírito Santo Hoje - Os Dons de Línguas e Profecia", em Carias Pastorais (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1995). O documento foi elaborado pela Comissão Permanente de Doutrina da IPB.


Autor: Rev. Augustus Nicodemus Lopes
Fonte: Livro Calvino, o Teólogo do Espírito Santo - Seu ensino sobre o Espírito Santo e a Palavra de Deus. Editora PES - Publicações Evangélicas Selecionadas